Projeto de revitalização do Centro Histórico de Florianópolis rende polêmica
Em reunião virtual promovida pelo Movimento Floripa Sustentável, o secretário de Infraestrutura, Valter Gallina, disse nesta quarta-feira (21) que a revitalização do entorno da Praça 15 e da ala leste do Centro Histórico não vai interferir em qualquer elemento protegido pela legislação urbanística.
Por isso, justificou, o projeto não foi submetido para apreciação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), conforme pediram alguns especialistas.
Segundo Gallina, só o meio-fio e o petit pavé são tombados como patrimônio e ambos serão 100% preservados. O secretário, que destacou a intervenção como aposta de “reoxigenação” para estímulo à economia e geração de empregos na região, também garantiu que o espaço vai ter mais paralelepípedos do que hoje, se considerar a retirada do asfalto que cobre as pedras na via em frente ao Largo da Catedral.
Arquitetos e urbanistas que participaram da conversa defenderam, no entanto, que o projeto passe pelo crivo de órgãos de patrimônio, por conta de intervenções numa área histórica tombada pelo Estado.
“A falta de consulta a determinados órgãos pode abrir um precedente sério”, disse a arquiteta restauradora Simone Harger.
Ex-presidente do Ipuf, Silvia Lenzi reconheceu a unanimidade em torno da necessidade de recuperação da região, mas alertou para a importância da manutenção do conjunto da paisagem urbana, considerando a carga de “identidade característica dos centros históricos”.
“Estamos indo na contramão da história. A cidade não é só patrimônio histórico, só comércio ou asfalto, o desafio é compatibilizar isso tudo”, afirma Silvia.
Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 22/07/2021)