Florianópolis “já tem consciência ambiental”, mas ações precisam de maior investimento
Confira na íntegra entrevista do coordenador da Preservação Ambiental do Movimento Floripa Sustentável, Emerilson Emerim, concedida ao jornalista Iago Carvalho do Grupo ND Mais:
Florianópolis é reconhecida nacionalmente pelo empenho na missão de se tornar uma cidade Lixo Zero. De acordo com o Residuômetro da Prefeitura de Florianópolis, em 2023 foram coletadas 272 mil toneladas de resíduos no município, das quais 19 mil toneladas foram recicladas e 10 mil toneladas foram resíduos orgânicos que também podem ser reaproveitados. Apesar dos bons indicadores, ainda há aspectos a serem melhorados para atingir o objetivo de se consolidar como uma cidade sustentável. Para entender mais sobre o panorama atual da capital catarinense, conversamos com Emerilson Emerim, biólogo e coordenador de Preservação Ambiental do Movimento Floripa Sustentável. Emerim é CEO da Ambiens Sustentabilidade Integrada e tem vasta experiência na área de sustentabilidade ambiental, com mestrado em Engenharia de Gestão Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e um MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Qual o panorama da economia circular em Florianópolis?
- Hoje é muito grande a preocupação da sociedade com essa geração de resíduos. Então quem compra o produto quer saber do histórico de vida deste produto. Começo, meio e fim. Já existe legislação para a devolução de produtos que tiveram seu uso descontinuado. Então, isso é algo que já premente em vários tipos de produtos. A gente tem trabalhado muito essa questão da economia circular nas práticas de análise de risco ambiental, social e de governança, que é o ESG. Então, nas práticas de ESG das empresas, a economia circular tem vindo com bastante risco. Com bastante força.
Como conscientizar a população para adotar essas práticas sustentáveis?
- Eu acho que a população já tem essa consciência. Florianópolis tem um trabalho muito bom de reciclagem, talvez um dos melhores do Brasil. Hoje o nosso problema é como se paga por esse material, ou seja, a cobrança da taxa de lixo, ela não é mais sentida às pessoas a prática de reciclagem. Ela só trabalha na consciência ambiental, mas deveria ter um suporte econômico. Por exemplo, hoje não há uma diferença de taxa para quem produz muito ou pouco resíduo, eu digo na população em si, até porque a prefeitura paga para um aterro, ela paga por metro cúbico, só que ela cobra da sociedade em metro quadrado. Hoje você paga pelo valor de BTU. Você paga pelo valor do tamanho do teu imóvel à taxa de lixo, o que não tem nenhuma relação. Por exemplo, a minha empresa, que é um escritório, é do lado da Rotisserie. As áreas são as mesmas, só que a empresa produz muito pouco resíduo e o Rotisserie produz uma quantidade enorme.
Qual o maior problema para a economia circular em Florianópolis hoje?
- O grande problema da economia circular é o plástico. Então a gente tem uma campanha muito forte hoje com relação ao plástico nos oceanos, porque é um material flutuante e
esse material descartado de maneira errada vai parar no mar, em cidades litorâneas, vai para as drenagens. alienagens, vai para os rios, para os rios vai para o mar, então é um material que demora muito a se decompor e isso hoje é uma premissa mundial, reduzir a quantidade de plástico principalmente em cidades litorâneas, coisas que eu não vejo em Florianópolis, uma prática de uso de produtos sustentáveis que na sua embalagem teriam que usar menos plásticos, principalmente as embalagens de produtos de consumo rápido como supermercados.
Por Iago Carvalho – Edição ND18 – 17 de julho de 2024.