Plano Diretor: “Adensar e verticalizar é a direção para Florianópolis”, diz urbanista
Coordenador da Comissão de Políticas Urbanas e Ambientais do CAU/SC (Conselho Estadual de Arquitetura e Urbanismo), Rodrigo Althoff Medeiros fala à coluna sobre a revisão do Plano Diretor de Florianópolis.
Florianópolis precisa de uma revisão do Plano Diretor que leve a cidade para qual direção?
Inicialmente é necessário dizer que planejamento urbano, sendo o Plano Diretor sua ferramenta legal, é um processo dinâmico, constante e permanente. Porque assim é a cidade e tentar organizar essa mutação inexorável dentro do mínimo previsível – para uma convivência harmônica e durável – é a função primeira do PD. Sustentável é a palavra de ordem.
Numa ilha cheia de condicionantes físicas, sociais, ambientais, crescer para cima, verticalizar, adensar com a respectiva contrapartida concomitante à implantação da infraestrutura de saneamento e social é a direção que vejo possível para Florianópolis.
Compactar significa encurtar distâncias. E compactar nos núcleos de centralidade já consolidados, até que novos núcleos venham surgir à revelia do que se planejou.
Como está vendo a discussão em torno de possível aumento de gabaritos e da ideia de adensamento de algumas regiões?
Numa população de quase 500 mil habitantes, o campo das batalhas sociais pelo espaço qualificado é justo e necessário e nos cabe, sempre, olhar diferenciado aos que estão mais na periferia das decisões exatamente para resultar uma cidade para todos, com menos conflitos.
A questão urbanística tem sua vertente física muito forte, que nos leva a crescer em alguma direção. Penso que para cima. A população vai parar de procriar? A cidade vai encolher física e economicamente? Os detentores do capital vão parar de investir, de gerar riqueza e gerar emprego? Não!
A Ilha de SC vai continuar crescendo e a comunidade que opina nas revisões do plano de voo, de tempos em tempos necessárias, são os atores corresponsáveis desse processo de construção do habitat.
O que é mais importante discutir em Florianópolis sob o ponto de vista urbanístico?
Sendo a cidade um problema de complexidade organizada, são múltiplos fatores que interagem simultaneamente e se autoinfluenciam. Mais pessoas e menos carros é matemática básica, com incentivo ao uso da bicicleta como fazem as cidades de vanguarda no mundo. E destaco a necessidade de qualificação, investimento em todos os espaços de uso coletivo.
Destaco ainda o uso misto, previsto nesta revisão do PD, tendência do urbanismo contemporâneo. A função residencial com proximidades de comércio e serviços encurta distâncias, reduz a circulação e descomprime o excesso de veículos na origem, traz eficiência e deixa os diversos núcleos de centralidade mais dinâmicos e com vida.
Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 24/01/2022)