Floripa inteligente, integrada e inclusiva


Artigo de Zena Becker
Coordenadora do Movimento Floripa Sustentável

Se pudesse resumir em duas palavras a diversidade de coisas que vi e aprendi na Exposição Mundial de Cidades Inteligentes em Barcelona, Espanha, seriam estas: integração e inclusão. Antes de explicar a razão para isso, é preciso anotar que Florianópolis está em 2º lugar no ranking de Cidades Inteligentes do Brasil, atrás de São Paulo e à frente de Curitiba.

Não posso negar que tudo o que vimos lá nos causou forte impressão – tanto nos eventos, quanto nas empresas de tecnologia e na própria Barcelona, que absorveu em diversos sentidos o conceito de “cidade para pessoas”, e não para automóveis. Mas destaco que Florianópolis tem praticamente tudo o que vimos lá: tecnologia, inovação, turismo, e também espaços, sejam no Centro Histórico, no interior da Ilha ou no Continente. Tudo isso nos dá condições e potencial para receber investidores e para que os atuais ampliem os seus investimentos.

Serei assertiva: o que nos falta é um “projeto de cidade” robusto, para que quando os investidores nos procurarem a cidade tenha algo a oferecer. E isso a gente não tem. Para realizar esse projeto de cidade é preciso repensar nossa gestão, tanto pública como privada, em busca de uma real e profunda integração. Avançamos muito com o Floripa Sustentável, mas a cidade precisa compreender o seguinte: integração é a inovação.

Essa falta de integração ficou denotada em Barcelona, mesmo que sejamos reconhecidos como a Ilha do Silício. Temos praticamente tudo em tecnologia, mas não sabemos “vender” esse precioso ativo. Não tivemos nenhum projeto inscrito no evento. Já Curitiba, com uma dimensão menor no que se refere à base tecnológica, fez uma promoção excepcional daquilo que tem. Lá, os setores e o poder público estão integrados no formato de hub.

Tanto que a Curitiba vai sediar em março a edição brasileira da Smart City Expo 2022. Devia ser aqui. Por fim, Barcelona nos ensinou que não basta ser inteligente, nem apenas integrada. É preciso ser inclusiva. Um exemplo: na sede da Cisco Systems espanhola, fomos apresentados a uma plataforma revolucionária que tem como objetivo distribuir tablets para idosos, para as gerações mais novas, para as periferias, integrando- -as e incluindo-as no mundo digital, gerando oportunidades e igualdade. Aliás, é fundamental lembrar que Inclusão é o alicerce da revisão do Plano Diretor da Capital, que mais uma vez “emperrou” entre a Prefeitura e a Câmara, com barreiras criadas por aqueles que se dizem mais favoráveis à Inclusão, a minoria das esquerdas.

Mas vamos remover os obstáculos. Florianópolis tem tudo para fazer como Barcelona e as cidades mais avançadas do planeta: ser inteligente, integrada e inclusiva, a verdadeira fórmula da sustentabilidade.

(ND, 25/11/2021)

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Categoria(s) Cidade Criativa, Cultura, Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Social, Educação, Geral, Mobilidade Urbana, Planejamento Urbano, Preservação Ambiental, Saneamento, Saúde da Cidade, Sustentabilidade, Tecnologia, Turismo